© 2024 Janela Arquitetos
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Neste momento deve haver uma janela próxima de você. Olhe para esta janela. O que ela mostra do outro lado? Há uma vista? Está entrando alguma luz? Ventilação? A esta altura você já deve saber que tenho um escritório de arquitetura chamado Janela Arquitetos junto com a Livia Scarpellini, minha noiva e sócia na vida.
Muita gente se pergunta o porquê do nome que escolhemos. O escolhemos pois a janela é justamente um elemento arquitetônico estratégico que faz a interface entre o lado de dentro e o lado de fora do edifício. É o elemento que permite a entrada de luz e ar para os cômodos, torna a arquitetura toda mais agradável e saudável - essa sensação que muita gente chama de “boas energias”. Um cômodo bem ventilado, com iluminação natural adequada e uma bela vista nos permite passar horas de forma mais relaxada e produtiva do que um lugar sem estas características. Após essa pandemia tudo isso ficou bem evidente para quem passou de supetão ao home office.
Pensamos no nome também lembrando de frases que dizem “os olhos são a janela da alma”. Como se as janelas fossem justamente os olhos das edificações. Mas paramos na época por aí, era um bom nome e abrimos o escritório desta forma, não cheguei a buscar as raízes etimológicas da palavra janela. Até que por coincidência alguns anos depois, saiu um artigo no Nexo Jornal escrito pela poeta e tradutora Sofia Mariutti justamente sobre isso: a etimologia da palavra janela. É um texto lindo, e traz algumas curiosidades que se encaixam muito bem para o conceito que buscamos para o escritório.
Nós falantes do português temos uma tremenda sorte poética de possuir esta palavra para designar este elemento. Ao contrário de outras línguas como o francês “fenêtre” e o italiano “finestra”, que derivam de frestas, do espanhol “ventana” e do inglês “window”, que provém de vento (ainda que no vocábulo inglês tenha olho no meio também, do nórdico antigo).
Nossa “janela”, assim como o deus Jano (em latim Janus) e o mês de janeiro, provém do verbo ire, ir_,_ que vira ianus - passagem. De ianus se formou janua, que significa entre outras coisas “passagem” “porta” e “caminho” - e de seu diminutivo “januella”, pequena porta, é que surge “janela”.
O deus romano Jano (sem equivalente na mitologia grega) é o deus dos começos. Ele tem uma face olhando para frente e outra olhando para trás. Era o deus para proteger as entradas e saídas, o interior e o exterior. E consagrado a ele nomeamos o mês de janeiro, olhando para o ano que passou e o ano que se inicia, o passado e o futuro.
É o mínimo que esperamos de um edifício. Ele precisa se comunicar com seu entorno, nos mostrar que não estamos isolados, mas inseridos em um ecossistema físico, químico, biológico e social. Independentemente se sua vista dá para um muro, para prédios de uma metrópole, para uma árvore, uma rua ou outras janelas, tudo isso está lá. Mesmo que você prefira esconder essa vista com uma cortina. Seja mais ou menos interessante, sua vista é resultado de como dividimos nossos lotes urbanos, de como utilizamos os terrenos, da relação com nossos vizinhos, das necessidades que temos de aproveitar a luz do sol e de respirar adequadamente. Do que priorizamos em nossas casas e construções.
Fazendo uma pequena reflexão sobre esta newsletter, o nome “Olhar da Janela” se encaixa também neste conceito. O que estamos fazendo aqui é criar uma janela conceitual para olharmos elementos do presente, do nosso entorno ao mesmo tempo em que olhamos o passado deles, de onde eles vieram. Tudo pensado como um papo descontraído em um café da manhã de sábado. Caso você tenha algum comentário, correção ou quer dar um feedback, fique a vontade para responder este e-mail.
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