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Diversidade e complexidade da arquitetura através de uma colagem de prédios de diferentes períodos e culturas
Aqui estamos de novo, sim a newsletter continua!
Passamos por um período tumultuado que bagunçou muito a cabeça das pessoas. Vamos precisar de um longo período para digerir tudo o que acontece neste momento, se conseguirmos um pouco de paz sem sermos bombardeados por notícias falsas e desinformações compartilhadas por pessoas e robôs em redes sociais decadentes e grupos raivosos de WhatsApp.
Poderíamos neste fim de semana tentar esquecer tudo isso enquanto saboreamos um café gelado para refrescar (recomendo!) e seguir com aquele despretensioso passeio por histórias e origens imaginadas da civilização, de nossos pães e dos azulejos na cozinha. E como quem não quer nada só especular sobre as coisas como são, de onde vieram e para onde vão.
Mas a história das coisas está acontecendo agora, aqui mesmo, dentro desta newsletter. E ela grita, não pode mais ser ignorada. Leiam com a atenção o próximo parágrafo:
Nas últimas edições, pudemos explorar algumas interessantes teorias sobre origens das culturas na história. Mas, como todos sabemos, a verdadeira história da arquitetura é muito mais complexa e multifacetada do que podemos imaginar. Ela é composta de muitas vozes e perspectivas diferentes, e é importante que tentemos compreendê-la de maneira mais ampla e equilibrada. Isso significa não só ler sobre os grandes edifícios e arquitetos que moldaram a nossa paisagem urbana, mas também dar atenção às histórias menos conhecidas e às perspectivas de grupos marginalizados e oprimidos. Só assim poderemos ter uma visão mais completa e justa da nossa história como arquitetos e como sociedade.
Diversidade e complexidade da arquitetura através de uma colagem de prédios de diferentes períodos e culturas (de novo)
O que acharam? Interessante? Empolgante? Pelo menos coerente? Pois este último parágrafo não foi escrito por mim, e nem por outro ser humano. Ele foi escrito por uma máquina. A famosa “inteligência artificial” GPT3 acessível pelo ChatGPT - aberta para qualquer um que se cadastre em https://chat.openai.com/chat. Tudo o que eu fiz foi o seguinte pedido: “Desenvolva o próximo parágrafo do texto: “ E enviei os dois primeiros parágrafos.
Sabe estas ilustrações estranhas? Também foram geradas e sugeridas pela tal IA. Eu pedi “escreva um prompt em inglês para gerar uma imagem que ilustre esta newsletter” e a resposta imediata foi: "Illustrate the diversity and complexity of architecture through a collage of buildings from different time periods and cultural backgrounds." (ahá!). Colando este prompt em outra inteligência, a Stable Diffusion, foram geradas estas imagens.
Diversidade e complexidade da arquitetura através de uma colagem de prédios de diferentes períodos e culturas (mais uma vez)
Esta é a polêmica da vez. Jornalistas, escritores e artistas ilustradores estão se revoltando nas redes sociais. Alguns arquitetos (como este que vos escreve) estamos ao mesmo empolgados com as possibilidades e com medo do que virá pela frente. As IAs geradoras de imagens têm gerado resultados impressionantes em meio a muitas bizarrices. Algumas imagens já ilustram matérias de revistas importantes. E matérias inteiras já são escritas se utilizando destes métodos.
Robôs escrevendo uma carta, na visão de um robô tentando se passar por Leonardo da Vinci
O fato é que são ferramentas que já estão entre nós e vieram para ficar. Assim como o Google ou similares, já assumiram parte como extensão de nossos cérebros. O ChatGPT ainda está em fase inicial, mas já desponta como um novo oráculo.
Para exemplificar o nível absurdo que as IAs chegaram, vou dar um spoiler dos próximos textos. Estou preparando uma série para falar sobre os fazeres artesanais e o significado de “sagrado” que tais atividades nos trazem. Pois bem, tentei ver como o tal GPT3 se sai desenvolvendo isso e pedi:
“Escrever texto de 5 parágrafos sobre intuição, o sagrado no fazer artesanal e os impactos da ia. Pensar sobre a ferramenta. Ferramentas se tornam cada vez mais protagonistas? O que seu desenvolvimento impacta na nossa forma de pensar?”
A resposta (sem edição):
A intuição é um fenômeno que é difícil de definir com precisão, mas que é fundamental para o fazer artesanal. É o que nos permite criar algo de forma espontânea e original, sem seguir regras rígidas ou se preocupar com as normas estabelecidas. É o que nos permite acessar uma sabedoria ancestral e instintiva que nos guia na criação de algo verdadeiramente único.
O sagrado é outro elemento importante no fazer artesanal. É a ideia de que a criação de algo com as próprias mãos é uma atividade que transcende o mundo material e nos conecta com algo maior. É a crença de que cada objeto criado possui uma alma e uma história próprias, e que o artesão é responsável por dar vida a essa alma e preservar essa história.
No entanto, com o avanço da tecnologia e a crescente presença da inteligência artificial, as ferramentas cada vez mais se tornam protagonistas no processo criativo. Isso tem impactado a forma como pensamos e criamos, pois as máquinas são capazes de realizar tarefas com precisão e velocidade que ultrapassam as habilidades humanas. Isso pode ser uma vantagem em algumas situações, mas também pode levar ao desaparecimento de técnicas artesanais tradicionais e à perda daquilo que é sagrado no fazer artesanal.
Além disso, o desenvolvimento da IA também impacta a forma como pensamos sobre nós mesmos e nossa relação com o mundo. As máquinas estão se tornando cada vez mais inteligentes e capazes de realizar tarefas que antes eram exclusivas dos seres humanos, o que nos coloca em uma posição desafiadora. Precisamos nos perguntar se ainda temos um papel único e irreemplaçável na sociedade, ou se somos apenas mais um elo na cadeia de produção tecnológica.
Em resumo, a intuição e o sagrado são elementos fundamentais no fazer artesanal, mas estão sendo desafiados pelo avanço da tecnologia e da inteligência artificial. Precisamos encontrar maneiras de preservar e valorizar esses aspectos enquanto aproveitamos as vantagens da tecnologia. Isso nos permitirá manter a criatividade e a humanidade em meio a um mundo cada vez mais tecnológico.
É… eu fiquei pasmo. Me surpreendeu muito. Não é o que eu escreveria (e que bom que não é, para o bem dessa newsletter). Poderia também dizer que não é um texto muito profundo e nem chega perto de um texto acadêmico, mas é mais coerente do que o texto de muita gente e passaria fácil em qualquer ENEM. Tenho medo do que os professores de redação irão enfrentar daqui para a frente. Detalhe: Este texto é único gerado aleatoriamente, e se eu pedir novamente, o resultado será diferente e ainda assim coerente. Podem testar.
Mas fique tranquilo, caro leitor. Garanto que não vou terceirizar a newsletter e nenhum outro trabalho meu para qualquer tipo de inteligência artificial. O que precisamos fazer é refletir sobre as possibilidades, se e como podemos nos beneficiar disso. E sermos honestos quando estivermos utilizando estes processos.
O fato de computadores ganharem de humanos no xadrez ou no go não acabou com o jogo, pessoas continuam jogando e os campeonatos só precisam se preocupar em banir jogadores desonestos que se utilizam da tecnologia como um “doping digital”.
Nos próximos textos quero compartilhar os resultados que estou tendo nas explorações gráficas utilizando essas ferramentas, e as reflexões que isso pode trazer sobre nossos espaços e a possibilidade de mudar nossas vidas. Posso dizer que de certa forma este processo das inteligências artificiais nos lembram de como podemos sonhar coisas novas, e jogar no liquidificador das GPUs novas possibilidades de construir as coisas.
Isso claro sem esquecer do propósito desta newsletter, de trazer novos olhares de novas janelas e reflexões de nossas coisas cotidianas.
Espero que tenha curtido pelo menos as dica do café gelado. E até breve!
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