Ler e rejogar The Dig

Terminei de rejogar The Dig, depois de ler a novela que veio na versão do GOG. Acho que dei a volta e passei a gostar novamente do enredo ao reler a novela. The Dig era um daqueles jogos que, acredito eu, não passariam na regra dos 15 anos em termos de enredo. Não é a primeira vez que o jogo novamente depois de adulto, e da última vez que joguei achei algumas explicações sem muito sentido, mas típicas de um desenho animado dos anos 90, com soluções fantasiosas e pouca coerência.

Contexto:
Para quem não conhece, The Dig foi um jogo do tipo adventure point and click, lançado pela Lucas Arts em 1995. Ficou bastante popular no Brasil na época de seu lançamento por fazer parte de muitos dos “kits multimídia”, que adicionavam uma unidade de CD e uma placa de som aos computadores antigos. A história do jogo é baseada em uma ideia de Steven Spielberg para um episódio de uma série de TV que não foi desenvolvido.

Resumidamente a ideia é que um asteróide se aproxima perigosamente da terra e precisa ser desviado para evitar seu impacto que seria desastroso. Após uma missão bem sucedida, os astronautas decidem explorar o asteróide e descobrem que na verdade ele é uma nave alienígena que os leva para outro mundo. Este mundo apresenta tecnologias muito avançadas mas que parecem estar abandonadas a milhares de anos e estão se deteriorando. Possui uma fauna e flora próprios, mas aparentemente a civilização que desenvolveu toda a tecnologia desapareceu. Vale dizer que a equipe de astronautas não é convencional, são três: um comandante que é o único astronauta experiente da equipe, uma jornalista (ambos americanos) e um geólogo arqueologista alemão.

A novelização do jogo foi feita por Alan Dean Foster, um autor diferente dos que escreveram o roteiro e os diálogos do jogo, Sean Clark e Orson Scott Card. Parece que Alan Foster se incomodou com as mesmas coisas que eu, pois as mudanças que ele fez no livro são em sua maioria justamente nos pontos que me incomodavam no jogo. A questão sobre para onde os aliens foram, as soluções encontradas pelos personagens e até a geografia do planeta são aspectos que ganham mais embasamento no livro. Não que tudo fique extremamente explicado e mastigado, mas ele deixa as coisas minimamente mais coerentes e menos contraditórias.

Não estou em um bom momento para escrever uma crítica analítica das qualidades da obra, então vou ser bem breve e subjetivo. Este livro foi bem agradável de se ler, até pela nostalgia, ou talvez principalmente pela nostalgia. A tradução brasileira disponibilizada no GOG não ajuda. Não só pela tradução em si, mas pela formatação. Falta pontuação para os diálogos e muitas vezes não se sabe quem está falando, ou se a frase está sendo narrada. Isso não acontece na versão original em inglês. Também é fácil perceber alguns erros de tradução aqui e ali. Faltou uma boa revisão. Tirando isso, é um bom livro. Fiquei curioso para ler mais do Alan Foster, que parece ter feito outras novelizações e tem uma obra própria também.